O meu cantinho de hoje é quase
exclusivamente ocupado pelas fotogravuras da igreja de Alquerubim, como prometi
no número 48 de «MENSAGEM». Uma apresenta a igreja no estado em que se
encontrava ao iniciarem-se as obras de restauro e ampliação, iniciadas por
volta de 1912 e terminadas em 1915, como se pode ler no alto da frontaria da
segunda fotogravura.
O templo, na primeira forma, era
um edifício baixo, de linhas desproporcionadas. Não tem história, isto é, não
se sabe quando foi construído, havendo quem afirme que, antes dele, existiu
outro, situado na base do outeiro do Pereiro, junto ao Cerrado (caminho do
Ameal).
Na segunda forma, ficou um templo
elegante: — externamente, pela sua altura, proporcionada à largura.
Aproveitaram-se as paredes do edifício e da torre, que foram elevadas, como
mostra a fotografia, e acrescentadas ao fundo. Tudo o que vai do arco cruzeiro
para diante e que constitui a capela-mor, foi acrescentado. Isto não se nota na
fotogravura da segunda forma.
Na primeira nota-se um defeito de
falta de luz. Não pude obter outro exemplar, possivelmente mais perfeito. É
pena, porque o grupo de pessoas que nele se nota merecia ficar aqui arquivado,
de forma reconhecível. Nele figura a silhueta do prior da freguesia, que nesse
tempo era o Padre Francisco Marques Pires de Miranda, personalidade
interessantíssima pela sua animada conversa, alimentada por uma cultura vasta
que encantava pela forma como era denunciada, sempre polvilhada de graça que
era um dom natural.
Creio que a nossa igreja é, hoje,
uma das mais bonitas da diocese de Aveiro. Para o seu estado actual muito
concorreu o pároco, Padre Miguel da Cruz. São obra do seu esforço o restauro
dos muros do adro e o gradeamento, com seus portões, isro quanto ao exterior.
No interior deve-se-lhe o douramento da talha dos altares, trabalho que, pela
sua natureza, é caro.
Felizmente — e por isto devemos
dar graças a Deus — temos tido, principalmente nos últimos anos, párocos
dotados de qualidades de trabalho e dedicação às coisas da Igreja e da
freguesia, que os tornam credores da nossa gratidão.
Bem merecem, por isso, que a sua
obra fique, nas suas manifestações externas, arquivadas nas páginas deste
jornalzinho, para o que concorrerei, e com sumo gosto e enquanto Deus mo
permitir, dentro das minhas possibilidades e das minhas forças.
(in Mensagem de 15 de abril de 1960)
António Augusto de Miranda
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